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  • Foto do escritorGabriel Noboru Ishida

Viabilizando mais arte nas empresas



Este é o tipo de pergunta que eu gosto de fazer, porque o debate pode produzir resultado real na prática corriqueira. E mais me interessa o real do que meu ego ou divagações sem objetivo.


Importante acrescentar que a Arte na Arquitetura pode existir tanto na concepção da construção em si, quanto no preenchimento de seus espaços, de forma que a continuidade entre a obra arquitetônica com ou sem arte, e as peças ali penduradas ou concretadas, possa gerar combinações e situações inúmeras - e é dentro deste espectro que abordo a questão, mesmo com exemplos simplistas.


Mas então, afinal de contas ainda existe espaço para arte em arquitetura? Não vamos confundir com decoração e revestimentos, por favor. São coisas diferentes. Apesar de resultados estéticos ótimos significarem beleza, não significam arte.


Pessoas diferentes poderão ter respostas diametralmente opostas, ou poderão nunca nem ter pensado nisso. Certamente, do grupo das que vivem imersas em contextos que contemplam o fazer artístico e as subjetividades, quase todas terão certeza plena de que sim, existe e deve existir mais: e isso só depende de talento e um pouco de boa vontade. Um outro grupo, por outro lado, poderá desprezar e ignorar a palavra "arte" substituindo-a por "vendável" ou "bonito". E é verdade que são coisas completamente diferentes. O mundo está cheio de arte “feia” e não artes “bonitas” e desejáveis.


Este primeiro nível de discussão já é bem conhecido e improdutivo. Prolixia é inútil. Estou apenas mostrando a cauda da criatura, cujo corpo está enfiado a quilômetros de distância no subterrâneo, cega surda e muda, existindo a despeito de nossas polêmicas.


As dinâmicas sociais em torno da arquitetura e da arte, do comércio, os balanços contábeis, o nível cultural dos consumidores e seus valores, assim como de grande parte dos produtores, surgem como se fossem uma carga combinada num grande cargueiro chinês cheio de contâiners: pesadíssimo, com rota certa, e destino predefinido.


Mas de modo geral a arquitetura, tão sujeita quase que exclusivamente ao mercado, pouco surfa da onda artística para que valores de revenda sejam agregados - que é a diretriz principal da práxis. Então, será que podemos pensar que ela - a arte - está no banco de reservas? Antes de prosseguirmos, primeiro é necessário repensarmos o que significa Arte Contemporânea, e como ela se relaciona com a Arquitetura de nossa época. Devo anotar que estou abordando a arquitetura do dia a dia, que se estende desde o cachepots hexagonais de sobras de marcenaria, até os próprios edifícios de altíssimo padrão em São Paulo, por exemplo. Mas não sobre Calatravas e Zahas com grandes projetos de arte arquitetônica internacional, cujas dinâmicas são absolutamente outras. Vale pontuar que no Brasil em termos estatais, o espaço da arte é irrisório, e quando existe, tem finalidade completamente deturpada. Ou não teria? Ou seria isso também um aspecto intrínseco da Arte Contemporânea Relativista e seus mecanismos? Bem, este é assunto para outra postagem..


Argan ainda vale, até para o CNPJ


Entre muitos autores de teoria e historia da arte, tenho clara preferência por Giulio Carlo Argan. Em seu famosíssimo livro Arte Moderna, podemos observar o desenvolvimento da sua “classificação” sobre a arte de forma muito típica. Durante meus anos mais joviais tive a enganosa impressão de que isso seria o resultado arbitrário e pessoal do autor, num dualismo simplista em torno de bobagens como lado direito e esquerdo do cérebro, ou conservadorismo e vanguardismo, submissão ao coletivo ou independência da alma individual e maniqueísmos similares. Entretanto, nada mais ingênuo e raso do que pensar dessa forma. E aliás, este é o nível de debate mais comum - certamente, por ser intencional ou distraidamente desamarrado de qualquer segurança ou honestidade intelectual, não conclui coisa alguma que seja útil ou válida.


A abordagem divisória de Argan tem pressuposto inicial em uma distinta falha tectônica que divide duas grandes áreas e posturas humanas, que são de um lado, a filosofia epistemológica realista, que ele chama de Clássico, e do outro lado, a filosofia epistemológica relativista, que ele chama de anticlássico, e alguns autores de romântico, pitoresco, etc. Depois Argan avança para contextos históricos derivativos e submetidos a vetores político sociais, que são interferências locais que teriam manipulado essa matéria prima contextualmente, e isso não importa por hora. Entretanto, visto que o Brasil tem vivido uma cisão ideológica seríssima, devemos retomar o debate e olhar a origem de raiz dualista do problema, e encará-lo assim, em estado puro e destilado, ainda para falarmos de arte, mas sem falarmos de política.



Decoração valoriza, é investimento. E arte mais ainda.


Estou certo de que todos por aqui conhecem certas cadeiras: sei que são peças maravilhosas, e elas dizem quase tudo o que precisamos para entender onde está o foco de seus usuários - se em sua própria subjetividade ou se no real objetivo.


Eu gostaria de poder traçar uma origem para o desmembramento atual, baseando a cisão numa ruptura histórica entre o individual e o coletivo. Mas isso não é possível: permeando as repetições clássicas e coletivistas, encontramos as distorções subjetivas barrocas quase psicodélicas, e os egos das pessoas das cortes européias que criaram certas obras como a cadeira Luiz XV e variantes mais elaboradas (detalhe, vermelha), bem diferentes das clássicas originais e suas idéias de base que eram matemáticas, idealistas e universalizantes. Palácios geométricos em ambos os períodos, mas perucas, roupas e moveis barrocos na posteridade ególatra.



Por isso, a partir do Modernismo em Arquitetura que surgiu como se tivesse sido inventado num iate, e sua infusão em capitalismo ou socialismo como se isso fosse opcional, temos a mescla atual que sincretizou contextos totalmente aleatórios locais, mas que não neutralizam certos aspectos fundamentais.


O Equitable Life Building foi o primeiro arranha céus do mundo, na Broadway de 1870, possuía elevadores e 8 andares. Coincidentemente, é lá que costumam cobrar, teoricamente, arte real contra o cinema indústria. De lá para cá, a rentabilidade em construção civil certamente recebeu irrigação e adubos poderosos advindos de decisões estritamente contábeis, e não culturais.


Os ornamentos e repetições clássicas e matemáticas do Equitable perduraram. E se hoje o grosso caldo das construções ainda é definido por repetitividade construtiva e portanto, administrativa, e os melhores custos-benefício em canteiros de obra, é necessário que isso seja absolutamente levado em conta quando mesmo valores irrisórios de arte são deliberadamente descartados e ignorados no conjunto da construção e seus espaços no pós obra, para seu uso efetivo. Mas isso não é uma postura geral: muitas pessoas ainda tem cultura e valores balanceados. Porém, vemos com inconveniente frequência, um sem número de locais desde fachadas a acessos, halls e ambientes importantes, sob o jugo de uma assepsia sem graça, sem alma, quase morta e quase avarenta. Essa epidemia atingiu também todos os redesenhos de logotipos depois dos anos 90, e também as cadeias de fast food, onde todas envelheceram de forma cinza. Mas apesar de a síntese e a maturidade terem seu lado positivo, a massificação e a assepsia geral têm gerado doenças sociais também - cautelosamente estancadas e contidas por salas de descompressão, onde pode existir alma e diálogo entre a pessoa e o lugar. Este movimento tem tamanha massa crítica, que não temos opções.




Alguns poderão argumentar que tudo isso se justifica pelo menor risco estético e ideológico, e por questões de gosto dos autores de projeto e design, muitas vezes aninhados não por serem bons profissionais com a arte ou com a comunicação humana de forma integrada ( e estes só entendem o verbete "público alvo") - removendo tudo que pode não agradar a todos. Outros poderão argumentar que isso é moda e contra ela não se luta. Ou, o que é muito provável mas não tão crível - que seja apenas uma questão de falta de recursos para prioridades menores como a cultura, algo como 0,01% deste tipo de orçamento anual. São apenas prioridades, ou urgências.

Por outro lado, sobre os locais marcantes de edifícios que não tem nada de belo, nem uma simples escultura barata e as vezes nem uma planta digna, fica a dúvida e o sentimento. Em muitos, senão em quase todos os casos, podemos fazer um comparativo com uma pessoa que mora numa casa enorme, usa roupas caríssimas de marcas invisíveis mas não necessariamente boas, tem carros caríssimos, mas ao mesmo tempo não gasta com uma sessão de limpeza de pele nem trata os dentes, por considerar isso de menor importância, ou "vaidade", e que também não aprende nenhuma idéia ou palavra nova do dicionário ha anos porque "cultura não paga as contas".





Os Artistas hippies e os empresariais


Ainda dentro da questão do desmembramento histórico da Arquitetura e da Arte ocidental, temos uma outra variável que está relacionada aos autores e suas posturas, pois são igualmente questionáveis com relação aos pressupostos interlocutores.

Movimentos sociais e culturais, anticapitalistas que têm se arrastado há anos, pertencem completamente ao domínio do relativismo epistemológico.

Todas os axiomas e assunções destes movimentos são pessoais e subjetivos (ainda que a subjetividade um grupo ou minoria), existindo portanto, em completa contradição com os mecanismos de implantação da arquitetura e da arte no coletivo.

E digo como artista, que isso é uma postura imatura, ainda que a arte possa e deva requerer parcial ou totalmente a subjetividade do autor, para que haja mensagem e comunicação, o que do contrário seria só coisa. Mas ainda assim, esta subjetividade não é obrigada a estar descolada de todo o restante social, como acontece, especialmente, dos mecanismos sociais que realmente são parte do funcionamento.

Ademais, o resultado do subjetivo para o subjetivo, para si mesmo ou para apenas específicos autor egos, é um problema de umbigo e baixa auto-estima, ao invés de ser um problema técnico ou de competência prática.

Do meu ponto de vista, da forma que ainda entendo claro como cristal, é que o pressuposto básico e engendrador destes movimentos que se dizem a contracultura que luta pelo social, é na verdade é a inveja e o ressentimento, expressos em todas as formas de tentativas de tomada de heranças e criações materiais, ideológicas, sociais, políticas, sexuais, ou qualquer outra coisa que não tenha sido criada por eles. Parecem ser autores que desejariam ter tudo do mais luxuoso e do mais caro, mas não tendo, atacam estes valores dissimuladamente. E então surge a fantasia do artista riquíssimo que se droga e despreza tudo e morre rapidamente: o mito mais bobo da contemporaneidade.


É compreensível que proprietários de grandes empreendimentos e imóveis jamais desejarão ceder espaço a este tipo de doença cognitiva e ideológica, que está em absoluta contradição com seus espaços e criam dissonâncias num nível muito mais profundo do que o simplesmente visual. E ainda existe o risco do tumultuoso discurso que poderá brotar na mídia como ratos saindo do esgoto, denegrindo ou associando a imagem da empresa a grupos sociais que na verdade não têm nem nunca tiveram nada a ver com a história daquele patrimônio, ou suas decisões e posturas administrativas. Acionistas não gostam disso, nem sócios.


Além disso, eu particularmente acredito que reverberação e ressonância são fundamentais: harmonia não acontece apenas porque "bateu o santo". O buraco é muito mais embaixo, e demanda responsabilidades de longo prazo, com a sua imagem, e com a dos seus parceiros comerciais.


A ética artística do artista e a empresa: diálogo?


Muitos autores e profissionais em diversas áreas da sociedade vivem como abelhas próximas a um lixão, infelizmente. E para quem não quer se dar ao trabalho de separar o joio do trigo, a conclusão rasa é fácil: “se tem asa e zumbido, e voa, é mosca”. Para estes profissionais ou amadores, o futuro acena incerto e nebuloso, mas não por culpa deles.


Soma-se ao cenário, o fato de que foi profundamente implantado em nossa sociedade a idéia de que a arte é puro resultado do artista, e que este último possui uma lista já bem conhecida para que seja entendido como tal: deve ser corrosivo, ter alguns vícios, ser individualista e egocêntrico, gratuitamente vanguardista, anticonservador, irresponsável, vulgar, sem auto controle, dado a boemia aleatória e coisas dessa natureza.

Talvez, esta idéia não tenha origem no coletivo, mas em algumas pessoas que precisam disso e simbolizam na arte como escape. O que evidentemente não é o caso de uma empresa. Mas por entre as trincheiras do diálogo, o CNPJ não acredita que o artista possa falar o mesmo idioma. E muito menos considera que possa planilhar Excel ou algum outro ERP, ou que pelo menos, possa realizar a interface inteira de contratação e entrega sem causar perdas e danos.

Um pouco para além das idéias corriqueiras sobre os artistas, existe uma silenciosa opinião de que a arte, quando fora da curva, deve estar servindo a evasão fiscal e não a elisão fiscal. É uma posição discursiva de julgamento idêntica à que inculcaram nos pobres: “todo rico é rico porque roubou ou rouba”. E é claro, nada disso é necessariamente verdade. Mas é novamente compreensível o receio institucional e empresarial, contra o risco de relacionamento ou envolvimento com nomes públicos ou que serão públicos um dia, mas que possam desembocar em algum tipo de efeito colateral contra a imagem ou contra a contabilidade da empresa. Um risco desnecessário sem a contraparte proporcional. Mas o imaginário popular não significa fato real.


Como dialogar e encontrar a agulha no palheiro


Encontrar um ponto em comum entre duas instituições sociais que com grande frequência não se conversam, não chega a ser uma tarefa super fácil mas muito menos difícil ou inviável. Apenas a oferta de tipologias é escassa, mas não rara. É importante para ambos os lados, uma mente aberta, sem preconceitos. Não porque seja melhor considerar propostas desinteressantes de ambos os lados como muitos poderão supor que isso signifique – mas porque são sistemas diferentes, que operam em linguagens e valores em geral diferentes. A moeda de troca não é apenas valor pecuniário.

Resolver estas pequenas questões é algo simples, mas as partes em geral não estão informadas do que a outra parte deseja. Porém, isso não é regra, e como em qualquer negociação com fornecedores do ponto de vista do contratante, toma algum tempo e envolve escopo, propostas e pesquisas. E do ponto de vista do contratado, envolve algumas limitações culturais e tabus do que não se pode falar numa proposta comercial, mas que é um elefante na sala que todos fingem não ver.


Talvez o erro das empresas seja tratar a arte como um produto fora de seu sistema de abordagem, contratação e viabilidade, e do lado dos artistas, seja com frequência, um ego enorme incapaz de compreender que uma empresa não é uma outra pessoa, mas uma coletividade com limites cada vez mais restritos pela regra do mínimo divisor comum da coletividade e que por isso mesmo, é muito difícil aplicar-se a própria subjetividade temporal como tema do trabalho - ainda que haja eventual oportunidade. É importante que seja válido.


Mas não se enganem os artistas: válido significa que persiste no tempo, que permanece mesmo sob outros cenários. Universalidade não é sempre algo tão simples. As questões humanas envolvidas em signos informacionais, iconografias, mensagens e idéias devem transcender o umbigo e o contexto local. Um preparo linguístico é recomendável, mas não é um produto de prateleira disponível por aí, tão facilmente.



E fora isso, o contratante em geral não está preparado para avaliar estas questões, e em geral não tem alguém disponível para tal. Mas pode terceirizar esta etapa para arquiteto(a)s ou curadores de arte, por exemplo.


Só não adianta ser decorador ou enfeitador de ambiente, nem empresa de revestimentos: isso não tem nada a ver com arte. Quanto aos dois profissionais supracitados, isso também não é garantia, mas é o melhor que temos para resolver para as empresas. Pois repassar produtos de lojas e dos trends da moda é tão artístico quanto vender de roupas, sem pretender desmerecer estes profissionais.


A questão é que arte real está numa camada muito mais inacessível do que as lojas e propagandas e portfólios mostram. Mas ao mesmo tempo, a arte, a teoria e a filosofia acadêmica são em resumo, contraproducentes por não serem práxis nem vida real. Mas é importante sabê-las, para saber quando usá-las ou não, e também para não sermos usados por elas.


Procurando arte: como???


Um bom escopo com uma boa abertura são fundamentais, porque sem a pergunta certa, qualquer resposta pode ser válida. Mas antes de se elaborar um bom escopo, é importante que a empresa tenha capacidade de elaboração de um texto em nível adequado, estabelecendo limites e diretrizes. Desta forma, a encomenda terá muito maior probabilidade de aceitação e os diálogos serão o mais claros possível. Eu particularmente não associo criatividade a insight genial, mas muito mais a resolução de um problema com múltiplos fatores, e portanto, para mim, criatividade não existe sem limitações e demandas.

Buscar o material perfeito será um trabalho sem fim num oceano aleatório cheio de curvas e links que voltam para o mesmo lugar ou para nada. É necessário ter a pergunta certa, para se chegar ao custo, dimensão, intenção certas. A partir disso, será possível começar a pensar que tipo de artista ou arte poderá contemplar a tarefa, e assim, com as características semi definidas, será viável encontrar os profissionais que possam resolver o tema.

O que a empresa jamais deve fazer é solicitar estudos sem consciência alguma, nem parâmetros, nem palavras chave que seja: resultarão em desgaste para ambos os lados, perda de tempo e prejuízos indiretos, como por exemplo, desânimo pelo lado do profissional e auto estima destruída, pouco a pouco, por culpa de um escopo mal elaborado ou totalmente indefinido. Algo como ligar para uma loja e perguntar o preço da “roupa” e tendo um valor qualquer, ficar insatisfeito. E isso não é ficção, já tive que explicar dezenas de vezes que é impossível precificar projeto (arquitetônico) sem contexto.


Estudo para orçamento

Sobre o resultado final, é importantíssimo que o artista em questão tenha capacidade de produção de um estudo simulado razoável sobre o local, com estimativas de custo e prazos realistas, e que tenha também reputação suficiente para tal empreitada – ou seja, não é recomendável que seja um maluco super embalado e comprometido em suas próprias contingências, mas antes, absolutamente responsável. Sem ao menos um estudo, as partes envolvidas não poderão opinar ou votar em assembléias, e o projeto não será aprovado, simplesmente, por ser um tiro no escuro - e ninguém deve se responsabilizar por loterias alheias.


A apresentação também deve ser levada em conta, já que se a própria apresentação não for minimamente razoável ou não contiver os aspectos necessários legais e formais, quanto menos a obra pronta – mas isso é uma perspectiva, e metodologia. Porque sim é possível um trabalho extraordinário combinado informalmente. Apenas, que para empresas, não funciona.


PS: Arquitetura, filha de pais separados


O fazer arquitetônico atual não é simples. E não se trata de problemas técnicos ou materiais, custos e o próprio traço funcional. Os consumidores e contratantes acreditam que 99% dos problemas são estes, como se não tivesse sido este cenário para o qual arquiteto(a)s são preparado(a): a eterna novidade que deve ser organizada sob forças normativas, financeiras, funcionais, solares, climáticas, estéticas, comerciais, construtivas, estruturais... e não para por aí. Sim, isso é o centro do trabalho, mas não se limita apenas a isto. Estes são problemas no sentido corriqueiro. Problema real, é atravessar tudo isso, e ir muito além, chegando-se a um estado de síntese completa de todos os elementos, agregando prazer visual e sinestésico: arte. E também deve ser durável, não só materialmente, como culturalmente. A pátina do tempo deve ser bem vinda.

O projeto arquitetônico em algum momento deve passar pela dialética da arte. Ao contrário do que os leigos podem entender, a simultaneidade do traço (e não do rabisco/rascunho) passa por todos os itens anteriores, ou deve passar a seu tempo determinado em uma hierarquia específica que reflete a postura criativa de cada autor. Mas quando não passa pela dialética da arte, alterando o resultado arquitetônico final, deixa de ser arquitetura e torna-se apenas construção. E então não há arte alguma ali, exceto no sentido técnico do fazer profissional. Mas poderia ser mais. Deveria ser mais. Deveria haver desejo de ser mais, se o público e contratantes muitas vezes tivessem ao menos, a consciência dessa possibilidade, e se pudessem mensurar os impactos informacionais e financeiros desse patamar adicional. Dito desta forma não para pequenos proprietários cujo capital é extremamente limitado. O inconformismo surge quando há recursos mas não há cultura. Até onde sabemos, dinheiro não é sinônimo nem de felicidade, nem de qualidade, nem de cultura.






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