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  • Arq. Gabriel Noboru Ishida

Arquitetura: arte ou técnica?

Atualizado: 5 de ago. de 2022


Seria arquitetura arte ou técnica? E qual o perfil de um arquiteto? Seria ele um artista ou um técnico?


Antes de mais nada, é importante anotar aqui que a idéia de que os hemisférios do cérebro trabalham mais para um tema que para o outro, é polêmico e nunca foi provado: inclusive, pesquisas recentes apontam para a inexistência dessa separação quase mística.

A arquitetura é sem dúvida um dos grandes ramos artísticos, com características muito próprias e curiosas. Tanto quanto a música é um universo a parte, com suas regras lógicas, matemáticas e a enorme necessidade de talento para que ela deixe de ser apenas um aglomerado de sons coerentes, a arquitetura é uma batalha de confluências de diversos fatores.

O trabalho de um arquiteto, é antes de mais nada, compreender o ser humano. E deste, entender qual a parcela de desejo, de necessidade, de viabilidade, de conveniência e muitos outros fatores, como condição inicial para se pensar o projeto.

Como diriam meus ex-professores: arquiteto não rabisca, mas risca.

Isso significa que cada definição tem um porque. Não se faz arquitetura apenas com intuição. Isso é artes plásticas, e pode custar muito caro, não funcionar, não durar, ou não parar em pé como parodizam os engenheiros. Também não se faz arquitetura com números, pois a maior parte dos fatores que condicionam um projeto não são mensuráveis. O homem não habita os resultados efetivos de maior rendimento de custo benefício estrutural, mas um lugar simbólico, que deva exalar beleza e bem estar, com personalidade, com elementos que moldem o caráter e os hábitos do morador, em direção ao sucesso e à evolução.

Alguns dizem que essa força é superestimada. Mas o homem é fatalmente moldado pelo seu espaço vivido, além das relações pessoais.

Portanto, arquitetura não é um rabisco, não existe um “rabisquinho apenas, nem precisa fazer o projeto” ou o que é pior “queria que você me desse umas idéias”. Mas isso é o produto da arquitetura, a idéia. E se feita sem comprometimento, será parcial e portanto insuficiente. Arquitetura é confluência de fatores, sobreposição de necessidades, balanceamento e julgamento de prioridades. Assim, todos os fatores relevantes devem entrar no projeto, cada um com seu devido peso. A obra perfeita não será portanto, a mais esteticamente bela, mas a que solucionar a maior parte destes fatores com uma boa dose de arte.

Segue uma lista resumida de alguns fatores que entram num projeto, sem ordem de prioridade:

1-implantação urbana 2-implantação no lote, normas e projeto 3-custo da obra 4-funções estruturais 5-definições de opções de materiais 6-mão-de-obra, viabilidade prática 7-mão-de-obra, viabilidade financeira 8-contribuições ou desejos do proprietário 9-contribuições e desejos subjetivos do arquiteto 10-valorização do imóvel 11-possibilidade de reforma ou readequação 12-direção do sol 13-vizinhos e edifícios próximos 14-posição residencial/comercial 15-prazos 16-novos materiais 17-paisagismo 18-tendências estéticas e geométricas 19-especulação imobiliária 20-traços culturais e históricos 21-arte 22-harmonias platônicas, estéticas técnicas 23-equipamentos projetuais e de execução no canteiro de obras 24-ferramentas de cálculo e quantificação, orçamentos 25-foco da obra, uso, programa e flexibilidade de uso 26-manutenção 27-materiais já testados e com boa reputação de uso 28-experimentalismo, risco 29-patrocínios, divulgações e outros fornecimentos de itens 30-estratégia de marketing para empresas comerciais 31-abordagem psicológica e simbólica do espaço a ser vivenciado 32-alterações de projeto durante a obra

A conclusão óbvia é que boa arquitetura não é exatamente a que é mais bela. Mas aquela que resolve da melhor forma o máximo de fatores, que são muitos. Existe portanto arquitetura boa para foto, boa para a vida, e a boa para ambos.

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