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  • Arq. Gabriel Noboru Ishida

A casa reta: de onde e porque

Atualizado: 5 de ago. de 2022

Este texto não tem perfil acadêmico, o que geraria muitas referencias artísticas e históricas. É voltado para o público leigo ou relativamente informado da área, com interesse em construir, seja como proprietário ou como empreendedor construtor.

Resumo histórico

As construções que muitas pessoas​ consideram modernistas, na realidade derivam de tipologias antigas. A unica diferença é que durante o período modernista, esta tipologia foi tomada como se fosse de autoria desse período (em geral absolutamente associado ao marxismo, infelizmente, e por isso essa tomada de autoria, movimento politico e social tipico dos que se apropriam do alheio como se tivessem direito a isso.) Nâo que em algum momento esse discurso tenha sido explícito, mas sempre foi divulgado como tal.

Em cidades como Cairo, Marrocos e diversas outras da África, Mikonos e toda a região mediterranea, já existiam casas de perfil “telhado reto”. Isso está em alguns casos associado ao índice pluviométrico muito baixo, em outros, a cultura do local mesmo, ou à ausência de telhas como são conhecidas: as de cerâmica.

Já em 1898, com o Palácio Stocklet para a Sezession de Viena, de Joseph Olbrich, e a proposta da Cite Industrielle de Garnier, as casas retas de Adolf Loos e outros arquitetos do final do século XIX já ensaiavam a reaplicação da estética racional e livre de ornamentos inúteis, como defendiam alguns, ou relacionada à beleza industrial da nova era, para outros.

Importante destacar aqui que este estilo não é contemporâneo, não é minimalista (o que é outra proposta parecida com o industrialismo racional e o anti-art nouveau).

As obras hoje concebidas com linhas retas estão associadas também a influencia européia fortemente derivada da industrialização da construção civil, e da marcante necessidade de insolação no inverno em locais mais frios. Isso é absolutamente oposto ao que ocorre no Brasil, que carece sempre de beirais exceto no lado sul , ou climaticamente, janelas menores para evitar o ataque das radiações solares e o efeito estufa, paredes mais grossas e com menor inércia térmica.

Se bem que na prática um dos fatores que mais tenham contribuído para a utilização das coberturas “planas” seja o custo do madeiramento de um telhado convencional, sabemos que o fator cultural é mais forte que o financeiro, e mesmo gastando 5% a 10% a mais no custo da obra, (com não necessária correspondente valorização do imóvel...) a telha cerâmica ainda é preferida como cobertura, principalmente na opinião dos mais antigos.

A lenda que existe em torno da cobertura plana é que ela “esquenta”. Claro, sem laje e com a telha de 4mm, a 2,50 de altura como numa casa de baixíssima renda: será um forno. Mas o caso é a laje e a telha 6mm distante pelo menos uns 30cm no ponto mais baixo, onde há a calha.

Outra lenda é que ela “desvaloriza” o imóvel. Um mito irritante que se encaixa e permanece apenas em mentes apequenadas, pois as melhores obras são feitas tanto com telhado cerâmico, shingle, plana fibrocimento, metálica, ou qualquer outra cobertura. Desde que o projeto seja bom, e a obra também.

A maior vantagem da cobertura plana, em termos administrativos, é o consumo muito baixo de madeira, o que é perfeitamente coerente com uma postura comprometida com o meio ambiente. Além disso, reduz o custo da mão-de-obra pois o pedreiro pode assentar estas telhas, já que o madeiramento é muito simples. Inclusive, técnicas já bem estabelecidas substituem o madeiramento por metálicas, tanto para a cobertura plana quanto para as cerâmicas e asfálticas, por exemplo.

Por outro lado, as calhas e rufos encarecem o m2 deste tipo de cobertura, mas ainda assim fica no final, mais barato que o telhado convencional.

Em termos estéticos, corresponde ao desprendimento do conservadorismo clássico, com uma postura mais racional já proposta séculos atrás, mas também absolutamente atual.

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